Avaliação dos Touros Pós-Estação de Acasalamento

Este é um período muito importante para o pecuarista, pois há tempo suficiente para os ajustes necessários até a nova estação reprodutiva. Visto isso, os touros não devem ser colocados em uma invernada qualquer ao sair do rebanho, mas sim, devem ser analisados de forma criteriosa afim de receber um tratamento mais adequado. A primeira etapa dessa avaliação começa no campo, na observação do comportamento dos touros durante a estação de monta, já que antes de mostrar algum problema físico, ele apresentará modificações de comportamento, tais como: passar muito tempo deitado e/ou não ter disposição e agilidade para levantar, não alimentar-se de forma adequada e ter consequente emagrecimento, e/ou isolar-se do resto do rebanho; lembrando que o tamanho dos lotes de touros em relação ao número de vacas trabalhadas é um ponto importante e deve estar associado à analise comportamental, ambos são critérios relevantes para realizar um bom diagnóstico. A segunda etapa consiste em uma boa anamnese, ou seja, uma análise reprodutiva detalhada dos touros à saída do rebanho; lembre-se: o touro que mais trabalha é o que mais está desgastado, dê atenção especial para esse touro pois ele pode ser seu trunfo na próxima jornada de acasalamento. Inicialmente, observa-se o escore de condição corporal do animal. Geralmente, após esse período, há uma redução do escore devido ao desgaste pela atividade física, podendo ser recuperado através de alimentação com pastagens de boa qualidade e suplementação alimentar quando necessária. Para isso, o touro não deve apresentar problemas dentários, já que uma boa dentição é imprescindível para a alimentação adequada e, dessa forma, a recuperação do seu escore ideal.

É importante ressaltar que a idade do reprodutor também deve ser considerada nessa avaliação, já que desgastes dentários são naturais conforme o avanço da idade. Além do escore, deve ser verificada a integridade ocular dos touros, que não podem apresentar ulceras ou corrimento de secreção; esta observação deve ser realizada de forma atenta, pois casos de ceratoconjuntivite ou tumores não tratados levam ao descarte do reprodutor. Para a avaliação da conformação e facilidade de movimento, observa-se o touro ao caminhar em um terreno mais plano e firme possível; é importante observar se o animal apresenta edema (inchaço) nas articulações, crescimento excessivo dos cascos ou patologias (por exemplo: dermatites, laminite e tumores), assim como desvios na coluna. A claudicação é indicativa de lesões, atenção especial aos membros posteriores pois é onde ocorre mais de 90% das patologias. É importante também checar o trato genital, realizando a palpação para identificação da presença de lesões e anormalidades, tais como: degeneração testicular, podendo ser identificada quando um ou dois testículos apresentam-se aumentados e respondendo a uma palpação mais amolecida inicialmente, ou reduzidos e mais firmes na palpação quando tratando-se de uma lesão mais antiga, essa condição é mais comum em touros mais velhos; distensões penianas (“pênis quebrado”); inflamações no prepúcio, mais frequente entre touros zebuínos e sintéticos; e ainda se essas lesões são acompanhadas de miíases ou se apresentam uma cor vermelho escuro e edema local. Quando concluídas as avaliações e identificados os touros que necessitam atendimento diferenciado, cabe ao Médico Veterinário à tarefa de, após examinar, determinar o melhor tratamento para a recuperação do touro. Ao avaliar os reprodutores, após o término da estação de acasalamento, promove-se a formação dos lotes de touros: os eliminados que vão para a pastagem para engorda, os lesionados que podem ser tratados e recuperados, e os que estão saudáveis; essa divisão é feita de forma que tenha um impacto econômico positivo nas atividades de uma próxima estação de acasalamento.


Vanessa Silva Fernandes
Amir Gil Sessim
Sílvio Renato Oliveira Menegassi
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